Os cinco curtas metragens exibidos na segunda Mostra Competitiva Brasil do Festival Santa Cruz de Cinema provocaram angústia, tensão, medo, entre tantos outros sentimentos, no público, que compareceu em peso no Auditório Central da Unisc.
A noite começou sensual e colorida, com emRapaz em Amarelo, /emdirigido por Lucas Hossoe. O filme mostrou os fetiches sexuais de colegas de trabalho. A tensão sexual que existia entre os dois homens perpassou a tela, mas também provocou mistério, enquanto o público esperava pelo desenrolar da paquera.
Em tom mais tranquilo, emLençol de Inverno/em é exibido no festival. Com direção de Bruno Rubim, a ficção abusou no canto dos pássaros, para transmitir a calmaria do interior, cenário onde a trama se desenrola. Aos poucos, o zunido dos insetos aparece, denunciando que algo de ruim acontece no filme. E então, as mágoas guardadas pela família protagonista da história, vão sendo reveladas.
Expressivo. Assim pode ser definida emIntimidade/em, produção dirigida por Fred Luz. Com uma câmera em mãos, o cineasta filmou a companheira e atriz Carla Elgert, em diversas situações do dia a dia. Enquanto escova os dentes, a câmera a segue. Ao acordar pela manhã, revela à tela seus sentimentos. De início, o som do violão embala o enredo do curta. Convida a fazer parte da vida da personagem, que se expressa olhando a câmera. Encarando o público. Esse é um dos aspectos que firma a intensidade da obra, pois é como se a personagem estivesse conversando e desabafando com o espectador, que está do outro lado da tela.
Em emTelentrega/em, dirigido por Roberto Burd, a chuva inquieta. O ruído dos aparelhos hospitalares são como martelos na cabeça do espectador, provocando uma mistura de tensão e comoção. No curta, o desespero de uma pai que aguarda um transplante de coração para o filho é refletido através de recursos sonoros. Os sons ecoam na mente de quem assiste a produção e envolvem todos na angústia que assola o protagonista.
A última produção exibida na noite foi emO quebra-cabeça de Sara/em. O filme, dirigido por Allan Ribeiro começa tranquilo, com a personagem Sara afagando um gato. Até que aos poucos, ela começa a colocar suas angústias de mãe para fora. Conta para a câmera o que lhe aflige: a filha ser homossexual. As risadas, durante a exibição do documentário, foram inevitáveis. Sara, com seu jeito todo particular de mãe, e enquanto faz as tarefas na casa onde é doméstica, desabafa sua indignação com o que, na visão dela, é um problema. É como se as pessoas estivessem vendo suas próprias mães, reclamando dos filhos. Ao mesmo tempo em que se queixam, elas só querem no fundo, proteger suas proles.
A Mostra Competitiva Brasil continua nesta quinta-feira (25), no Auditório Central da Unisc. A última noite de exibições dos curtas selecionados inicia às 19h15min.
Texto: Taliana Hickmann