Leandro Firmino será o primeiro artista a receber o Prêmio Tuio Becker, uma homenagem, instituída a partir deste ano, ao crítico e cineasta que marcou época por seu amor, dedicação e contribuição ao cinema.
Firmino está eternizado na memória do público como Zé Pequeno, em “Cidade de Deus”, papel que impulsionou mundialmente o talento e a fama do ator. Leandro já foi vice-presidente da “Nós Do Cinema”, organização criada a partir da oficina de atores de “Cidade de Deus”, que atende a 60 jovens.
No cinema, além de “Cidade de Deus”, trabalhou em filmes como “Júlio sumiu” e “O roubo da taça”. Na televisão, participou de inúmeras séries, como “A Diarista”, “Cidade dos homens” e “Carga Pesada”. Este ano estreou sua primeira novela na Globo, como Tomás, em “Órfãos da Terra”.
“Nenhum filme é descartável”
TUIO BECKER, em entrevista à revista Alto Falante
Tuio Becker nasceu em 8 de agosto de 1943, em uma casa em frente a uma sala de cinema que existia no salão da Sociedade Ginástica, no centro de Santa Cruz. Talvez esta seria uma premonição da sublime obsessão que Tuio nutriria por toda sua vida pela sétima arte. Cedo, já na sua infância, era companhia de seus irmãos Lia e Paulo, mesmo nas sessões noturnas do Apolo, assistindo filmes neo-realistas italianos, westerns, musicais e dramas água-com-açúcar que os Estados Unidos levavam para todo o mundo, após a Segunda Guerra. Aos 17 anos, na Gazeta do Sul, publicava sua primeira coluna de crítica cinematográfica, uma análise sobre o western “Onde começa o inferno”, de Howard Hawks. Era julho de 1961.
“Nosso coração pulsa ao ritmo das imagens e nossa inteligência é arrebatada pela pureza da narrativa”, escrevia ele, quando ainda assinava como Luiz Fernando Becker. Em 1966 vai para Porto Alegre cursar arquitetura, na UFRGS, mas logo troca o curso pela crítica cinematográfica, atividade que exerceu da década de 1970 até o início dos anos 2000, em alguns dos mais importantes jornais do RS. Em suas colunas sempre reservava espaço para dar destaque para o cinema de curta-metragem. Mas Tuio não apenas escreveu sobre cinema, também fez filmes. Muitos. Curtas, documentários, longas e alguns que foram premiados no Festival de Cinema de Gramado e no Festival do Grife, em São Paulo. Em qualquer bitola, metragem ou idioma. Tuio gostava mesmo era de ver filmes e, nas suas colunas, de incentivar seus leitores a verem mais e melhores filmes. Tuio morreu em maio de 2008, de complicações da doença de Alzheimer, encerrando uma carreira brilhante de alguém que via no cinema mais que uma arte, um milagre de vida que supera o tempo.