Festival Santa Cruz de Cinema

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Quando as primeiras ideias para o filme Fè Mye Talé começaram a tomar forma, em 2013, o diretor e roteirista, Henrique Lahude, não imaginava que cinco anos mais tarde a produção estaria concorrendo na mostra nacional do primeiro Festival de Cinema de Santa Cruz do Sul.

A seleção para a Mostra Competitiva Brasil, conta Lahude, está muito além de qualquer expectativa. “Inscrevemos o filme dentro da categoria regional e jamais imaginamos que ele pudesse dividir a tela numa mostra com produções tão importantes de todo o Brasil. É uma grande responsabilidade compor com uma mirada regional esse mosaico de perspectivas tão diversas”, avalia o diretor.

Por ser natural de Encantado –RS e ainda manter uma forte conexão com o interior,  o cineasta conta que participar do Festival de Santa Cruz tem um significado extra. “O filme todo está estruturado na imigração haitiana no Vale do Taquari. Exibir e, principalmente, debater ele com essa proximidade geográfica cumpre muito dos objetivos que tenho para esse filme”, afirma.

Lahude conta que Fè Mye Talé, que trata sobre a história de luta do povo haitiano, foi originalmente pensado para ser rodado integralmente em Encantado, valorizando a comunidade haitiana local e movimentando a economia criativa regional, porém, sem apoio do município, o filme passou a ser estruturado também na região metropolitana de Porto Alegre.  Por lá foram realizadas as entrevistas para encontrar os personagens para o elenco.

“Além da talentosa Phenite Raymond para o papel principal, outros nove imigrantes participaram das atuações. O haitiano Alix Georges também assina como codiretor e produtor do filme”, comenta. A inspiração para a produção surgiu em 2013, quando os primeiros imigrantes haitianos chegaram a Encantado.  “Em menos de dois anos, mais de 650 novos habitantes vindos da pequena ilha caribenha já faziam parte da cidade. Excluída dos livros de história, a revolução haitiana é um dos eventos mais importantes que já aconteceram no nosso continente”, exalta o diretor.

Lahude lembra que o Haiti foi o primeiro país independente a abolir a escravidão. “O Haiti foi um farol libertário na América – e por isso ainda paga um alto preço. Imerso em vivências na comunidade haitiana do Vale do Taquari e na literatura decolonial, iniciei o processo de escrita do roteiro mesclando o cotidiano dos imigrantes com sua histórica luta de independência. Em 2016 o projeto foi premiado no edital do Fundo de Apoio a Cultura da Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e suas gravações foram iniciadas no ano de 2017”, conta.

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A escolha da temática, segundo ele, é devido à “falta de visibilidade do imigrante haitiano e a inspiração que a insurreição haitiana pode trazer para os dias de hoje”, destaca ele. Lahude lembra que o Festival de Cinema acontece a poucos dias de uma eleição muito significativa ao país. Sendo assim, vê no evento e na temática abordada pelo filme uma oportunidade de despertar a consciência contra o ódio e a violência. “Exibir um filme que trata diretamente de temas como racismo, xenofobia e revolução é uma oportunidade única de despertar consciências quatro dias antes de uma eleição tão significativa ao futuro do país”, aponta.

O cinema, inclusive, desempenha muito essa função social, de tocar nas feridas da sociedade e mostrar pelas lentes das câmeras uma realidade, muitas vezes, ignorada no dia a dia. Porém, ainda assim, ele acaba não sendo tratado como algo importante à sociedade e os profissionais que se dedicam a essa arte sofrem com a desvalorização.

Para Lahude, as dificuldades encontradas pelos profissionais da área estão inteiramente atreladas à relação que o Brasil tem com a sua educação e cultura. Ele reforça que é de conhecimento de todos, a necessidade de melhorar essas áreas, “entretanto, na prática, o que vemos é a desvalorização de professores, o sucateamento da educação pública, o fechamento de ministérios, a criminalização da arte e o congelamento de investimentos”, lamenta.

“Collor, ao assumir em 1990, teve como primeira medida o fechamento da EMBRAFILMES, ação essa que colocou o país em uma estagnação cinematográfica de décadas. Bolsonaro, em seus discursos, promete medidas equivalentes. Não se trata de um projeto para o país, mas sim de censura, perseguição ideológica e da diversidade”, salienta.

O diretor destaca que a arte terá sempre em suas bases a função de questionar, de libertar as pessoas do senso comum por meio de conhecimento. Por isso, acredita haver uma fixação em sufocar essas áreas, principalmente no interior, onde, segundo ele, o conservadorismo insiste em prevalecer “na base da força e não do diálogo”.

Ainda assim, Lahude explica que desde 2002 o cinema brasileiro avança em ritmo acelerado. “O audiovisual movimenta *25 bilhões de reais ao ano, cifra maior que até mesmo da indústria farmacêutica. Precisamos manter e aumentar as políticas públicas para o setor. O Brasil não pode ser só soja e gado, diversidade é importante em todas as esferas, inclusive econômica”, finaliza.

O filme de Lahude será exibido na quinta-feira, 25, no Auditório Central da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), a partir das 19h45.

Esta matéria faz parte de uma série de entrevistas realizadas com alguns dos indicados da Mostra Competitiva Brasil. a href=http://festivalsantacruzdecinema.com.br/2018/10/15/as-pecas-chave-por-tras-dos-filmes/Confira!/a

*Conforme o estudo O Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro, lançado pela Motion Picture Association – América Latina, em 2016, o audiovisual injeta R$ 23 bilhões ao ano a economia brasileira.

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