Festival Santa Cruz de Cinema

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Por Nathiele Droese

A noite desta terça-feira, 22 de outubro, começou animada. Com o auditório Central da Universidade de Santa Cruz lotado, a abertura oficial da segunda edição do Festival de Cinema de Santa Cruz do sul foi marcada pela primeira leva de exibições da Mostra Competitiva Nacional. Os filmes apresentados desta noite foram: Amor, só de mãe (direção de Julia Hannud e Catharina Scarpellini – SP); A última cova (direção de Armando Fonseca e Raphael Borghi – SP); Eu, minha mãe e wallace (Direção de Irmãos Carvalho- RJ); Teoria sobre um planeta estranho (Direção de Marco Antonio Pereira – MG); Dia de mudança (direção de Boca Migotto -RS); Depois da meia noite (direção de Mirela Kruel – RS). Com questões sociais em voga, os filmes retrataram temas importantes como política, guerras, amor e representatividade.

Logo após a exibição houve um debate com os idealizadores. Os questionamentos da plateia variaram sobre a produção e a criação dos filmes exibidos, mas, a que marcou, claro, foi sobre o que é cinema. O diretor do curta “A última cova”, Armando Fonseca, expressa que ninguém vive sem algum tipo de arte. “Não tem como um ser humano viver sem arte. Isso não existe. Você não vê apenas o reflexo da sua sociedade, da sua vida, mas com o documentário quanto a ficção você vê outros universos. A arte é isso, você alimentar sua alma e fazer pensar quem você é dentro da sociedade. Ninguém está sozinho nesse mundo.” Já o diretor de fotografia do “Dia de Mudança”, Pedro Clezar, considera o cinema como um meio de comunicação. “É uma forma de comunicação que nos idealizadores temos com o público e de alguma forma, transmitir nosso ponto de vista.”

Fotos: Letícia Pacheco

Para Renato Maia, responsável pela montagem do “Amor só de mãe”, que conta histórias de mulheres encarceradas, cinema é um exercício de escuta. Nesse sentido, Maia explica como foi organizar as cenas do filme. “Observando o material pude perceber que havia uma constante: as relações maternas, de modo geral. Todas ali ou eram mães, ou eram filhas, algumas eram os dois e tinham relações conturbadas, nesse aspecto.” Renato também explana sobre o recorte feito no filme, que nomeia ‘de relação de mãe’, contemplando-o com exemplos e sobre o título “Amor só de Mãe”. “Aquela mãe que espera da quinta até o domingo para saber se o filho não morreu e pinta o cabelo na fé dele não ter morrido e ir vê-la, e se ele por acaso for, é um motivo para ele não se matar, foi o que me motivou a fazer esse recorte. A mesma coisa, a filha e a mãe, – a mãe que renega e a filha que chama a mãe dela de mãe porque ela não foi presente -, ou a outra que o filho que perde a perna é o motivo dela largar o crime. Então, amor só de mãe, que foi um título extraído de dentro do próprio presídio, sintetiza todo esse aspecto de quão doloroso é ser mãe e filha em alguns casos, mas que elas tocam as vidas ainda”, conclui.

Nesta quarta-feira a Mostra Competitiva Nacional continua com as exibições dos filmes: Aulas que matei (DF); Libertai (SP); Lembra (RJ); Nova Iorque (PE); Êles (RS); Mulher LTDA (RS).